domingo, 21 de novembro de 2010

CIRCUITO MUNDIAL DE VOLEIBOL DE PRAIA FEMININO 2010

“Amor e lealdade pelo que se faz, coisa cada vez mais rara!” Juliana Felisberta Silva

Quando se lança um olhar sobre a globalidade do circuito mundial de volei de praia feminino 2010, toda a atenção é focada na brilhante prestação da equipa Juliana/Larissa (atletas e staff técnico). Nascem as interrogações inevitáveis sobre o “como é que é possível?”.
Penta-campeãs mundiais (sete medalhas de ouro e nove finais, em doze etapas), com 70 vitórias e 7 derrotas, Larissa/Juliana venceram o Grand Slam da Noruega, da Suiça, da Áustria e da Polónia, além das etapas do Brasil, da Coreia do Sul e da Noruega.
Foram também tetra-campeãs brasileiras (ganharam nove das 10 etapas do circuito nacional; das 45 vezes em que entraram em campo pelo Circuito Banco do Brasil, Juliana/Larissa saíram derrotadas em apenas uma, atingindo um aproveitamento superior a 97%). Ganharam 16 títulos em 2006, mas querem ganhar 17 ou 18 este ano. Procuram sempre mais! Chegam à meta, mas sempre para partir novamente e tentando uma marca cada vez melhor.
Quem leu a opinião de Reis Castro (técnico da Larissa/Juliana) sobre o profissionalismo entenderá a razão de todo este sucesso. Quem observou o excelente nível físico que a dupla revelou durante TODA a época, imaginará o quão minuncioso é o seu planeamento, mas, acima de tudo, o cumprimento do mesmo. Quem acompanha as declarações das atletas verifica que todo o seu discurso está revestido de uma enorme simplicidade, dedicação, honestidade, superação e paixão pelo que fazem. Poderíamos continuar aqui a descrever mais pormenores, mas penso que o essencial foi dito e temos já o suficiente para responder à questão inicial do “como é que é possível?”!
A época de 2010 também fica marcada pelo regresso das bi-campeãs olímpicas, Misty May-Treanor e Kerry Walsh. Não jogaram juntas nas mesmas etapas, mas actuaram ao lado da mesma atleta, Nicole Branagh. A primeira a entrar em acção foi Misty May-Treanor que participou em nove etapas e arrecadou uma medalha de bronze. Kerry Walsh aparece apenas nas duas últimas etapas do circuito tendo conquistado o ouro em Phuket.
São cada vez mais os países dos vários continentes a investir nesta modalidade, mas é a Europa que mais se tem destacado, quer pelo número de duplas envolvidas, quer pela qualidade de jogo revelada. A Alemanha, a República Checa, a Rússia, a Holanda, a Itália, a Espanha e a Polónia apareceram com mais duplas e sempre com excelentes resultados. Depois, noutro patamar (menos duplas por país, mas quase sempre no quadro principal da competição), temos a Áustria, a Suiça, a Grécia, a Finlândia, a Noruega, a Suécia, a Eslovénia, a Dinamarca, a Inglaterra, a Eslováquia, a França e a Bélgica.
Portugal também apareceu este ano no circuito mundial com a dupla feminina Juliana Antunes/Ana Freches que venceu todas as etapas do circuito nacional e se sagrou campeã nacional. A dupla é constituída pelas atletas (no activo) com o melhor currículo ao nível de prestações no circuito nacional/mundial de volei de praia. Esse currículo, no entanto, está muito longe de incluir os êxitos, as derrotas, as alegrias, as tristezas e as lutas inerentes à carreira da única dupla portuguesa feminina de volei de praia que conseguiu o apuramento para uns Jogos Olímpicos (Cristina Pereira/Mª José Schuller).
Passados 10 anos da participação da dupla Cristina Pereira/Mª José Schuller no circuito mundial de volei de praia, a dupla Juliana/Freches procurou uma presença assídua nesta competição. No entanto, apenas conseguiram jogar 4 das 16 etapas do circuito. O CPVP (Clube de Praticantes de Voleibol de Praia) teve um papel preponderante neste arranque, intervindo nos vários domínios que um projecto desta dimensão exige. Não foi um ano ideal, mas com o (quase) nada, conseguiu-se muito. As quatro participações permitiram à dupla estar nas 90 primeiras do ranking mundial. Numa das etapas, em Haia, Juliana/Freches entraram no quadro principal da competição, deixando pelo caminho uma dupla que está já apurada para os Jogos Olímpicos de Londres e outras duas que estão incluídas em processos de preparação que nada têm a ver com a nossa realidade. Lutaram com as penta-campeãs mundiais e venceram um set às 13ª do ranking mundial.
Foi um grande investimento num projecto cujo principal objectivo é o profissionalismo no voleibol de praia. Todos os intervenientes deverão, pois, reunir esforços para dar continuidade a este projecto (com esta e outras duplas), criando cada vez mais e melhores condições para que Portugal mereça um lugar na elite desta modalidade olímpica.

Reportagem sobre o Ano Perfeito da Juliana/Larissa:
http://www.youtube.com/watch?v=4Q9NgkDFpLo&feature=player_embedded

sábado, 23 de outubro de 2010

OS VALORES E O INVESTIMENTO DO VOLEI DE PRAIA PORTUGUÊS

"Viver é como escrever sem corrigir" António Lobo Antunes

Há uns meses, publicámos uma série de opiniões relativas ao profissionalismo no volei de praia. De entre várias questões abordadas, gostaria de trazer à memória alguns temas que agora poderão parecer mais pertinentes, uma vez que o volei de praia português está “no activo” e que têm a ver, essencialmente, com a partilha da experiência, com as tomadas de decisão e com a liderança.
Em primeiro lugar, focaria a vossa atenção para a importância dada à partilha da experiência como sendo um factor decisivo para um investimento de sucesso e, consequentemente, para a evolução de um projecto (seja ele no volei de praia ou em qualquer outro sector).
Hoje reforço essa ideia com a opinião de que se essa experiência puder ser partilhada no contexto (em vez de ser uma narrativa oral e/ou escrita após o evento) terá mais impacto e, consequentemente, poderá ter mais valor.
Frequentemente, penso no (pequeno/grande) investimento que está a ser feito no volei de praia português e na forma de como está a ser usado para o sucesso dos projectos vigentes.
Há um investimento da federação na organização de um campeonato do mundo sub-19 e de um europeu sub-18 nos quais estiveram presentes atletas que, na sua maioria, representam também a selecção nacional de voleibol. Sendo assim, ainda que o resultado conseguido no europeu por uma dupla feminina tenha sido excelente (vice-campeãs), o seu aproveitamento parece ser mínimo (não é conhecido um plano a médio/longo prazo). Apenas há a certeza de que continuarão a integrar a selecção de voleibol. Ou seja, o objectivo é a participação.
Da mesma forma, a federação investe na participação da World Cup (via paralela ao World Tour para apuramento para os JO) com quatro duplas (duas feminino e duas masculino), mas sem treinador (ninguém a apoiar antes, durante e após a competição), pelo menos até ao momento, e sem grande preparação para a competição (selecção e preparação das duplas, estudo dos adversários, etc.). Ou seja, o objectivo é a participação.
Há um investimento pessoal de algumas duplas séniores (feminino e masculino) na participação no World Tour. Esse investimento (pessoal, temporal, financeiro e de conhecimento dos meandros da modalidade) exige ser partilhado (integração de novos atletas e novos treinadores nesse contexto, dando a conhecer o contexto – pessoas, estrutura, rotinas, as melhores etapas para participarem, local para treinar extra-competição, alojamento mais barato, número de duplas participantes, etc.) de forma a serem evitados os mesmo erros e a aproveitarem o conhecimento existente, beneficiando de uma integração mais harmoniosa e fluída nesse contexto. No entanto, o que acontece é que esse investimento morre porque não existem novos projectos e quando surgem, a sua entrada é brusca, causando (quase) sempre ruptura. Ou seja, o objectivo é a participação.
Enquanto o objectivo for a participação (e ponto final) é difícil observar evolução dos projectos no volei de praia português.
É de consenso geral de que o voleibol e o voleibol de praia se complementam (como quaisquer outras modalidades), uma vez que aumentam o reportório motor/mental dos jovens.
Não é de consenso comum, no entanto, de que jogar numa selecção de praia e na semana seguinte jogar na selecção de voleibol seja benéfico, quer para a evolução do jovem numa das modalidades, quer para a evolução da própria modalidade.
Penso também que já ninguém partilha a opinião de que um atleta sénior consegue atingir a excelência no voleibol de praia, jogando duas modalidades (voleibol e voleibol de praia), tendo em conta o desgaste físico e mental a que está sujeito (para além do facto de não se conseguir especializar em nenhuma delas).
Sendo assim, podemo-nos centrar na segunda questão relativa ao profissionalismo e que tem a ver com as tomadas de decisão, nomeadamente, com a capacidade de fazer parar um processo que é inadequado. Reis Castro, treinador tetra-campeão mundial de voleibol de praia referiu no seu artigo de opinião que:
“Quem é profissional se planeja, se importa com os impactos sobre o quê lhe cerca e sobre quem lhe cerca, entende o que significa ganhar ou perder.
Simplesmente percebe que é importante trabalhar pelo bem comum, pelo resultado para todos, pelo espírito de equipe e claro, sabe parar ou fazer parar um processo que é inadequado, seja este o que for.
Desta forma, as pessoas entendem que você é um aliado e sabem que podem contar com você como um colaborador, e por mais intenso que seja o seu ponto de vista é sempre para que haja apoio, solução, crescimento, e por isso sempre será muito bem vindo.
Ser profissional não é passar a mão na cabeça, mas é demonstrar o “norte”, seja este fácil de encontrar ou nem tanto assim.
É não esperar que todos lhe considerem especial por você considerar que tem excelência, mas que respeitem o seu posicionamento, por merecimento.
Demonstrar-se profissional depende muito mais do que você constrói ao longo de sua carreira do que a exposição que você tenha por um processo ou outro.
O processo da construção é a parte mais difícil, porque é povoado de experiências, de situações de maior ou menor sucesso, de acertos e erros, mas que no final das contas é positivo porque você se manteve íntegro e focado em seus valores pessoais.
O que importa é você sentir-se bem por se manter em você e não ter seguido tendências, pessoas ou opiniões por serem mais ou menos convenientes.
Demonstre-se profissional seguindo os seus valores, se importando com os outros e fazendo sempre a sua parte para construir.
Mantenha-se incansável, sem contar que os outros estão vendo e aprovando o que você faz.
O fundamental é que você mesmo veja e aprove o que faz, mantendo-se íntegro independentemente do que lhe cerca.
Ser reconhecido por demonstrar na atitude o seu profissionalismo é atingir a excelência do resultado no mundo dos negócios.”
O terceiro e último tema apela à capacidade de liderança dos atletas de voleibol de praia como factor essencial para a evolução da modalidade.
Leonardo Lourenço, treinador de duas duplas – alemã e austríaca – que disputam o circuito mundial e europeu de voleibol de praia - falou sobre esse tema no seu artigo de opinião:
“Quando se é um leigo e se pensa em voleibol de praia, automaticamente inclui-se o voleibol. Comparemos então a evolução dos dois esportes: Enquanto no voleibol geralmente tem como respaldo um clube, uma federação e patrocinadores de peso que arcam com as despesas e contratam a comissão técnica, no voleibol de praia geralmente vemos os atletas contratando seus treinadores, buscando patrocínios...Isso tudo além do trabalho pesado do dia a dia, os treinos físicos, técnicos.
É uma situação que se torna desgastante para o atleta, para a comissão técnica, enfim, para todos que estão trabalhando naquele time. Óbvio que isso também passa pela personalidade de cada um dos envolvidos (..).
Desta forma, o vôlei de praia vem se assemelhando mais ao tênis, esporte tradicional e secular, que movimenta milhões em dinheiro por ano, no qual seguramente é mais fácil de se arcar com uma comissão técnica, devido também ao maior investimento de patrocinadores. Mas como ou por quanto tempo os atletas do vôlei de praia irão arcar com essas despesas, sendo que o retorno deles é infinitamente inferior?”
Desejar ou sonhar ser profissional de voleibol de praia exige um enorme investimento do próprio atleta (e/ou, numa fase inicial, dos pais). Desejar ou sonhar sê-lo em Portugal, exige uma transcendência para a qual muito poucos se mostram mental e financeiramente disponíveis.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O POEMA DE 1999 QUE LEMBRA A MÚSICA DE 1999

Passa o dia contigo
Não deixes que te desviem
Um poema emerge tão jovem tão antigo
Que nem sabes desde quando em ti vivia

Sophia de Mello Breyner Andresen,
Ilhas, in Obra Poética III, Caminho, 1999

É o mundo de sonho
Que leva esta alma a vaguear
Uma distância sentida
Que lembra esta música ao t’ abraçar

Uma luta p’ra vencer
Que nos obriga a saber perder
A saudade de um olhar
Que faz do caminho o nosso lugar

É o sorriso de alguém
Que ergue a vontade de existir
Um gesto aberto
Que dá uma voz ao nosso sentir

Uma luta p’ra vencer
Que nos obriga a saber perder
A saudade de um olhar
Que faz do caminho o nosso lugar

É a esperança da terra
Que liga o céu às ondas do mar
Umas ruas suspensas
Que ensinam os muros a chorar

quarta-feira, 12 de maio de 2010

HORA

Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.

Sophia de Mello Breyner

sábado, 10 de abril de 2010

MEMÓRIAS DE 1996


Tudo gira, fica o tempo p’ra trás
Soltando memórias nas ondas de um mar
Visto de longe é um mar tranquilo
Agita-se a vida num olhar reflectido

Como se espraia … Infinitamente
Abrindo caminhos de encontro
Almas que se conhecem
Durante um mergulho fugaz

Samba, canção muda eterna
Deixando o seu ritmo no pulso da cidade
Música que ecoa do alto, liberta as almas
Numa só melodia

Como se espraia … Infinitamente
Abrindo caminhos de encontro
Almas que se conhecem
Durante um mergulho fugaz

Jogo, ecrã hipnótico … Labareda crescente
Perturbando o sangue
Rosto que liberta um sorriso
Deixando o ar turvo muito mais colorido

segunda-feira, 8 de março de 2010

NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, UM POEMA DE UMA GRANDE MULHER

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ENTRE O SOALHO E A AREIA

Com tantos recintos e competições de indoor de voleibol de praia já me custa falar do voleibol como sendo o voleibol indoor. De facto, voleibol e voleibol de praia são, cada vez mais, duas modalidades distintas e o voleibol de praia, durante o inverno, é cada vez mais indoor.
Independentemente da formação do jogador ser no voleibol (mais frequente) e de alguns atletas de voleibol de praia jogarem também voleibol (cada vez mais raro), há cada vez mais atletas federados/amadores a jogar apenas voleibol de praia o ano todo. Chegam-me, constantemente, convites para participar em torneios de voleibol de praia (indoor e outdoor) nos vários cantos do mundo (Ásia, Oceania, Europa, América e até mesmo África). Enquanto a época (provas da FIVB) não começa, são vários os países a investir, cada vez mais, na organização de competições que divulgam a modalidade, atraiem mais atletas e mantêm outros na sua actividade profissional.
Há aqueles que têm mais apoios e podem fazer a sua preparação de um modo extremamente profissional, limando (quase) todas as variáveis implícitas no rendimento, procurando especialistas nas diferentes áreas, realizando estágios em distintos locais (exemplo: as alemãs, número 4 do mundo, que estiveram até Dezembro na Alemanha a jogar voleibol numa equipa e a fazerem o trabalho de pré-época com um grupo de preparadores físicos; em Janeiro rumaram à América do Norte e depois à Nova Zelândia para jogar torneios e agora estão na Austrália para uma preparação mais cuidada do domínio psicológico).
Outras duplas (primeiras do ranking mundial), com um campeonato forte no seu país, por lá se mantêm a treinar e a competir.
Uma outra parte (duplas do meio/fundo da tabela, quase todas da Europa) está ainda a competir em várias equipas, mas têm já orçamento para cumprirem o plano de competições no voleibol de praia (exemplo: espanholas, finlandesas, dinamarquesas e eslovenas). Nesta parte incluímos ainda muitas outras duplas europeias (exemplo: russas, letãs, checas, suiças, austríacas, inglesas, holandesas e italianas) que estão apenas concentradas na sua preparação para o voleibol de praia, alternando com estágios em recintos indoor em vários pontos da europa e estágios na América do Norte/Sul, Austrália e Nova Zelândia.
Por cá, as nossas duplas jogam voleibol. Alguns têm já uma grande parte dos apoios assegurada, o que lhes dá alguma tranquilidade e eleva a motivação para terminarem a época de voleibol em grande, bem como para iniciar a de voleibol de praia. Outros, quando têm tempo, procuram um ou outro patrocínio na tentativa de concretizar um sonho que perseguem há tantos anos. Encontram grandes obstáculos e vêem-se obrigados a ser verdadeiros aventureiros num deserto de várias areias. Sem querer, estão já a usufruir de uma excelente preparação: física, táctica e mental. É preciso coragem para lá entrar e perícia para lá andar!
Este ano não tive o privilégio de treinar/competir na areia o ano todo. Aproveitei para estudar mais alguns aspectos do voleibol de praia e ver alguns jogos da nossa divisão A1 (masculino e feminino). Quem lá joga mantém o brilho do soalho, mas eu continuo a preferir as marcas da areia. Sinto-as, cada vez mais, como sendo as mais profundas e delicadas.
Gosto de as sentir na areia fofa onde se joga com “nervo” e com a sabedoria de enfrentar os baixos. Gosto de as sentir na areia dura onde se joga com leveza e com a transparência de uma criatividade única.
Há muito poucos que se atrevem a ultrapassar a linha que separa o soalho da areia. Eu continuo a preferir avançar!

Não é grande estar aqui. Dias rasos / e noites submersas, tudo muito fracturado./ Mas uma esperança faz-me extenso / acreditar torna-me intenso // - e é impressionante respirar. - Poema de Carlos Poças Falcão.