domingo, 10 de janeiro de 2010

PROFISSIONALISMO (POR LEONARDO LOURENÇO)

(Leonardo Lourenço – treinador da dupla austríaca Sara Montagnolli/Barbara Hansel – 13º mundial e 8º europeu)

O Vôlei de Praia tem demonstrado uma grande evolução nos últimos anos, principalmente após sua inclusão nos jogos olímpicos a partir de 1996, em Atlanta. A maioria dos times hoje em dia, ou pelo menos os principais times do mundo, contam com uma comissão técnica, capaz de guiar e planejar os passos a serem dados objetivando o sucesso, seja ele em um jogo, um torneio, uma temporada ou um ciclo olímpico.
Infelizmente, na grande maioria dos casos, ou pelo menos em países que seriam as principais potências do esporte (Brasil e Estados Unidos) o vôlei de praia tem acompanhado uma evolução de forma piramidal inversa.
Quando se é um leigo e se pensa em voleibol de praia, automaticamente inclui-se o voleibol indoor. Comparemos então a evolução dos dois esportes: Enquanto no voleibol indoor geralmente tem como respaldo um clube, uma federação e patrocinadores de peso que arcam com as despesas e contratam a comissão técnica, no voleibol de praia geralmente vemos os atletas contratando seus treinadores, buscando patrocínios...Isso tudo além do trabalho pesado do dia a dia, os treinos físicos, técnicos.
É uma situação que se torna desgastante para o atleta, para a comissão técnica, enfim, para todos que estão trabalhando naquele time. Óbvio que isso também passa pela personalidade de cada um dos envolvidos. Não é fácil para um treinador que tem como seu chefe um atleta desinteressado ou até com desvios de personalidade, do qual ele tem que cobrar o máximo diariamente. Em algum momento pode haver confusão sobre em que momento se é atleta e em que momento se é o chefe.
Em contrapartida, no voleibol indoor o atleta tem apenas a obrigação de dar o seu máximo dentro de quadra, não se preocupando com assuntos extra quadra, a não ser que exista algum atraso de pagamentos ou qualquer coisa que vá afetar seu próprio desempenho. E a recíproca é verdadeira quando falamos das comissões técnicas do voleibol indoor.
Ainda assim, algumas federações têm o que chamamos de “National Team”, onde elas próprias escolhem um treinador (geralmente com ajuda dos atletas) que da mesma forma do voleibol indoor, só se preocupam ambos, treinadores e jogadores, com o treinamento árduo. Entretanto, isso só é possível em federações onde não existem muitos times de bom nível, visto que não seria viável a uma federação custear várias comissões técnicas, já que os times de um mesmo país acabam sendo adversários quando estão no circuito mundial. Ou até mesmo uma comissão técnica para vários times ao mesmo tempo se tornaria inviável, já que isto caracterizaria trabalho em excesso para apenas uma comissão técnica.
Desta forma, o vôlei de praia vem se assemelhando mais ao tênis, esporte tradicional e secular, que movimenta milhões em dinheiro por ano, no qual seguramente é mais fácil de se arcar com uma comissão técnica, devido também ao maior investimento de patrocinadores. Mas como ou por quanto tempo os atletas do vôlei de praia irão arcar com essas despesas, sendo que o retorno deles é infinitamente inferior?






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